Homenagem do Jornal o Proletário aos 100 anos da Revolução Russa.

Não existe Socialismo sem Ditadura do Proletariado.

Ao mesmo tempo que o jornal o proletário comemora a Revolução Socialista na Rússia de 1917, como um marco significativo na vida dos trabalhadores e revolucionários do mundo inteiro, mantém vivo a luta pela libertação da classe operária. São 100 anos que separam a época atual daquela que foi o marco maior das revoluções socialistas no mundo. O guia para essas transformações foi o Marxismo. O próprio Marx escreve que, na história anos podem representar dias, por sua pouca mudança, mas dias podem inserir anos, pelo grau de mudanças que eles nos proporcionam. O outubro vermelho, de 1917 são esses dias.

Dali para frente, o comunismo que era retratado no Manifesto do Partido Comunista como um espectro que rondava a Europa, passou a ser um espectro que rondava o mundo. Gente do mundo inteiro que não sabia de “nada”, sabia que o comunismo era ruim, que “comia criancinha”, que as pessoas lá viviam infelizes, que era a coisa mais detestada do mundo. A burguesia cumpria os intentos de espalhar as calamidades do comunismo, só não sabia que, também espalhava o despertar para alguns, deste acontecimento. Rússia, URSS, Comunismo, passou a ser conhecido pelo proletariado do mundo inteiro. Para se fazer um paralelo, podemos relacionar hoje com a Coréia do Norte, país Socialista, que sob os holofotes do Imperialismo Ianque, é o país mais ameaçador do mundo, que quer a extinção da humanidade. Embora que, nunca invadiu povo algum, nunca jogou bomba em nenhum país, não explora nenhum povo, não saqueia, não da golpe em outros povos, não cobra juros estratosféricos à nem um país, não exporta arma de extermínio em massa, etc.., etc… E qual o seu maior pecado, ser Socialista, tal qual a URSS, que caso não tivesse preparada para a invasão imperialista fascista, não teria resistido nem mesmo após a segunda guerra mundial.

Não foi fácil o Imperialismo destruir a URSS. O ataque aberto e externo, cumpriu num primeiro momento a agenda de destruição do Socialismo. O segundo, mais eficiente, foi o interno. Este menos compreendido pelo povo, mais persuasivo, com base na abertura democrática, ou na prosternação diante do Capital por dirigentes do Partido. Nas teses da coexistência pacífica entre dois modos de produção, isto é, entre o Socialismo e o Capitalismo, tratava-se de impor todo o contrabando anti-revolucionário. Que possam os dois modos de produção viverem em um mesmo mundo por um tempo, não temos dúvida que sim, mas o seu pacifismo será, no limite onde o capitalismo e a burguesia imperialista não forem ameaçadas por novas revoluções internas em seus países, que nascem a cada dia na crise do Capital. Portanto, a agenda de massacre das organizações operárias em seus países e o ataque ao Socialismo no mundo, estão sempre na ordem do dia.

Toda a burguesia sabe, ou pelo menos os seus intelectuais sabem, que o Capitalismo não pode conter as crises sistêmicas, as guerras, a tendência á queda do taxa de lucro, da queda da massa de mais valia, de viabilizar sempre uma superprodução relativa, da existência constante da fome, da miséria e do desemprego. Até onde eles (imperialistas) conseguem infligir derrotas ao proletariado no sistema capitalista e nas organizações proletárias eles mantém a “coexistência pacífica”, mas com investimentos pesados em armas de destruição em massa, em guerras contra nações mesmo capitalistas concorrentes, contra o esmagamento do seu próprio povo, e porque não, contra as nações socialistas. O exemplo claro para nós latinos americanos é a Sociedade Socialista existente em Cuba. O cerco, após mais de 50 anos de revolução, salta aos olhos, pois a mesma não oferece do ponto de vista militar, nenhuma ameaça aos EUA ou a qualquer nação Capitalista, e se dependesse da “passividade” do imperialismo Ianque, essa nação já não existiria mais.

Mas além de comemorarmos o feito da Revolução, gostaríamos de trazer as atualidades do Marxismo para a nossa época. Muito tem se falado, do Socialismo Chinês, que concebe o mercado e o Socialismo. Ou seja, um País e dois sistemas, ou dois modos de produção. Partidos e intelectuais Marxistas falam que a luta entre o início do Socialismo até a plena Socialização, irá um grande período entre disputas dos modos de produção Capitalista e Socialista. Outros atribuem que o mercado, não é antagônico ao Socialismo. Além dessas análises, encontra outras aos milhares, na tentativa de verificar os erros que existiram na construção do Socialismo na URSS, os quais levaram ao retrocesso capitalista. Alguns falam da falta de Democracia, outros falam do burocratismo Estatal, outros do burocratismo partidário, outros falam, falam e falam.

Para nós do PC o que é mais importante nesse debate, é a retomada de 3 importantes obras de Lênin antes da Revolução Socialista. Obras que, coincidentemente remetem as três frentes de luta de classes, que são, o campo político, ideológico e econômico. Ou seja, no campo ideológico Lênin acertou contas com o Idealismo que começara a se estruturar no seio do Marxismo, com base no positivismo moderno (empiriocriticismo ) e no agnosticismo, subjetivismo. Esse pensamento ganhava força justamente com a crise na Física. A perda do referencial no materialismo dialético, fazia surgir em todos os cantos o ceticismo e o fideísmo. No campo econômico, Lênin através do Imperialismo Fase Superior do Capitalismo, apresentava uma concepção Marxista do desenvolvimento econômico sob os monopólios, sob a luz da revolução. Atacou as concepções equivocadas e anti-revolucionárias principalmente dos Marxistas, inviabilizando as perspectivas liberais, sociais democratas e inclusive aquelas equivocadas do ponto de vista Marxista, mas que mantinham a bandeira da revolução, como as teses de Rosa de Luxemburgo.

Por último, na esfera da luta propriamente dita da tomada do poder e que tipo de poder se constituirá após a revolução. Na obra, o Estado e a Revolução, Lênin retoma todo os Estudos de Marx e Engels neste terreno. Essa é mais uma luta que ele faz no campo da intelectualidade Marxista, tanto na Rússia como na Europa. O tema principal dessa controvérsia faz-se em relação da Ditadura do Proletariado. Lênin travou nesse campo, a concepção de maior importância do Marxismo, isso é, a sua atividade prática e revolucionária. Há marxistas de todos os tipos, que sabem teorias quase de cor como o Kautsky, mas quando se trata de sua ação prática, sucumbem as pressões burguesas e pequeno burguesas. Lênin não permitiu que os Mencheviques de todo o tipo e sociais democratas europeus, diminuíssem ou deturpassem as concepções da Ditadura do Proletariado. Demostrou que tanto para Marx e Engels, a Ditadura do Proletariado era o centro das questões do Estado proletário, e que a negação disso, era a negação do Marxismo.

Hoje quando retomamos as discussões sobre os erros e acertos da construção do Socialismo na URSS, bem como a questão econômica, políticas e ideológicas relacionadas com as particularidades de cada povo, nos chama atenção, que todo os estudos passam distantes da questão da ditadura do proletariado. As particularidades de cada país, o processo de revolução, as questões econômicas internas e grau de desenvolvimento técnico, histórico cultural, condições geográficas, clima, etc… , só farão sentido essas análises, se forem corretamente relacionadas com a questão do poder, isto é, a ditadura do proletariado. É bem provável que o Socialismo na URSS se manteve porquanto foi a ditadura do proletariado a concepção dirigente do partido revolucionário, ou bolchevique. Quando essa foi subestimada ou secundarizada no partido, o que passou a existir foi a concepção burguesa com base no felisteísmo burguês. O exemplo mais gritante dessa mudança, foi a invasão dos outros povos que se encontravam na esfera da URSS, pelo comando de Kruchov. A concepção da ditadura do proletariado, é a essência do Socialismo e por isso reafirmamos que, sem Ditadura do Proletariado não tem Socialismo.

Os caminhos que a ditadura do proletariado fará na luta para manter a bandeira da revolução e do Socialismo, pertence a cada povo e a cada vanguarda proletária na luta prática do dia a dia. No entanto, as referências que o Marxismo nos proporciona é que a produção de mercadoria é a base da produção capitalista. Ela ( a mercadoria ) fomenta todas as concepções que tem por base a sua produção. Na medida que o capital e o mercado se ampliam, aprofundam em grau extremamente superior todos os vícios relacionados a produção da mercadoria, isto é, aumenta o grau de exploração do trabalho por parte de proprietários, intensifica concorrência e a tendência ao monopólio, bem como a corrupção, o individualismo e o crescimento da classe de proprietários dessa produção. A luta democrática se intensifica com o avanço de proprietários. Quanto poderá a ditadura do proletariado se movimentar neste terreno, é o que a história vai dizer.

Os acordos com os demais países capitalistas, a sua produção interna, podem ser secundários no desenvolvimento do Socialismo, se a ditadura do proletariado não ser a sua base. Sem ela, o Socialismo, sem dúvida alguma, não poderá resistir por muito tempo. Mesmo que, passos atrás se deem ante a pressão da burguesia externa, mantendo claro a perspectiva da ditadura do proletariado, o socialismo poderá se manter. O referencial que muitos intelectuais de esquerda utilizam para julgar um País Socialista, ou no caso da ex URSS, é a democracia, a produção, o desenvolvimento técnico, o crescimento PIB, etc…, porém, em nenhum momento, avaliam-se a ditadura do proletariado, isto é, o controle do proletariado sobre os aspectos ideológicos, econômicos e políticos da Sociedade Socialista.

Sabemos que a dialética atua no desenvolvimento da ditadura do proletariado, como em qualquer outra coisa do universo. Portanto, a entrada de mecanismos estranhos na economia socialista, criam novas contradições que repercutem sobre o desenvolvimento da ditadura do proletariado. Se esses elementos não são enfrentados de maneira correta, o próprio Socialismo corre sérias ameaças de padecer. É, na minha opinião sob esse ângulo, que deveria analisar-se o retrocesso histórico que a URSS sofreu. A subida de dirigentes que voltavam-se para a democracia, atacando sob essa concepção o período de Stálin por conta de um poder centralizado, em suma, abriram um precedente para aniquilar em essência a ditadura do proletariado, e não aperfeiçoá-la. Estabeleceu-se do ponto de vista ideológico, que a democracia é boa no Socialismo, e que o proletariado deveria começar a abraçá-la. Nesse sentido, abriu-se as portas para que no campo teórico, entrasse na cabeça e alma do proletariado as ideias burguesas.

Então, deste ponto para frente, bastou aprofundar os intentos econômicos e políticos da democracia burguesa e fazer a transição e a contra revolução Socialista para a Capitalista. Portanto, nesses 100 anos do aniversário da revolução Russa, a ditadura do proletariado em nosso ponto de vista é a essência do Socialismo e a democracia é, no Socialismo, a principal bandeira da burguesia na perspectiva de um retrocesso eminente. Para a burguesia o essencial é retomar uma sociedade de classes, objetivamente existente na produção, contrário as perspectivas socialistas que é o caminho para uma sociedade sem classe, livre. Quando desenvolve a classe antagônica, produtora de mercadorias, como perspectiva do seu próprio desenvolvimento não há nada que comemorar. A burguesia não teve alternativas em não criar o seu próprio coveiro, isto é, o proletariado. Já o inverso, como uma necessidade histórica, para a própria sobrevivência do Socialismo, o proletariado desenvolver a burguesia, não é bem assim. Essas necessidades são limitadas e passageiras, isto é, momentâneas, quando as são. Não é uma vertente única, e o caminho, o tempo, o grau desta orientação, quem decidirá é a própria ditadura do proletariado em cada país. O que mais chama atenção é que a democracia e seu desenvolvimento no Socialismo passam a ser as discussões essenciais para muitos ditos Socialistas. Quanto a ditadura do proletariado, não é nem citada por muitos deles que se dizem“Marxistas”.

A democracia foi ideologicamente, uma das moedas de troca que o Capital usou para atrair as massas na luta contra o feudalismo ( liberdade, igualdade e fraternidade). No entanto, estamos carecas de saber que, a sua manutenção, mesmo que limitadamente no capitalismo, é uma luta que o proletariado faz dia e noite. O golpe em nosso país reafirma essa tendência. O que a burguesia deixou de falar, na época da revolução burguesa, é que a democracia era uma entre as dez partes que compõe a sua ditadura. E o que o proletariado deve anunciar, é que sem ditadura do proletariado, não existe Socialismo. Diferentemente das classes revolucionárias anteriores, que procuravam esconder os seus objetivos econômicos reais, pois tinham muito a perder com isso, o proletariado só tem a perder se não colocar as claras os seus reais objetivos.

A decadência e a regressão democrática, é o convívio político que os povos do mundo inteiro sob o capitalismo se acostumaram e continuarão a vivenciar enquanto não compreenderem que a bandeira política principal não é a luta pela democracia mas, a luta pela transformação da democracia em ditadura do proletariado. Deste ponto de vista a luta pela Democracia é tática, e a luta por sua transformação em ditadura do proletariado, Estratégia.

Viva a Revolução Socialista de Outubro.

Abaixo o Capitalismo Imperialista.

Em defesa da Democracia – Fora Temer.

Viva o PC e a Ditadura do Proletariado.

João Bourscheid

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