UM DIA TRISTE PARA O BRASIL

Por Fabio Rodrigues

Em um ano extremamente difícil, especialmente para a classe trabalhadora, que vê, com a consolidação e o avanço do golpe de Estado, cada vez mais, seus direitos históricos serem ameaçados em nome de uma suposta austeridade econômica, que só atinge as camadas mais pobres da população e apenas beneficia ao grande capital; onde assistimos ao avanço de ideias preconceituosas e do ódio político, que beiram, quando não são – de fato – concepções fascistas; quando as forças progressistas de nosso país foram, fragorosamente, derrotadas nas urnas; e, poucos dias depois de o mundo se despedir de um dos maiores lutadores pela paz, pela liberdade e pela igualdade dos povos, Fidel Castro, que nos deixou na última sexta-feira aos 90 anos, ao que parece, as tragédias insistem em se materializar.

A história há de lembrar o dia 29 de Novembro de 2016 como um triste dia para o Brasil. Tendo acordado com a trágica notícia do acidente com a aeronave que transportava equipe e comissão técnica da Chapecoense, além de profissionais de imprensa para a Colômbia, onde seria disputada a primeira partida da final da Copa Sul-Americana e que deixou, segundo informações, até o momento, mais de 70 mortos; o cair da noite nos traz as dramáticas informações sobre as brutais violências sofridas pelos manifestantes que protestavam pacificamente em Brasília contra a votação da PEC 55, que ocorre no Senado Federal e visa à retirada de direitos básicos para educação e para saúde, através do congelamento dos investimentos públicos nessas áreas pelos próximos 20 anos.

Hoje morrem atletas, profissionais do esporte, da imprensa e da aviação, alguns de mais idade e, quase todos, ainda muito jovens e cheios de energia e sonhos. Assim como agoniza e está prestes a morrer, de vez, a nossa jovem e frágil democracia que, agora, sendo apenas um simulacro do que um dia pensou-se ser a real representante dos interesses do povo, massacra de forma cruel – mostrando a sua verdadeira face ditatorial – em praça pública, jovens, como aqueles por quem choramos, apenas por pedirem aquilo que é senso comum nos discursos políticos e nas rodas de conversa: saúde e educação!

É provável que nas mesmas rodas de conversas que reunirão milhões de amantes do esporte e, principalmente, do futebol, que, assim como eu, se sentem profundamente chocados com a tragédia que se abateu sobre a brava equipe de Chapecó, amanhã e pelos próximos dias pouco se fale sobre a tragédia que está sendo consumada essa noite em Brasília, que contribuirá para matar, lentamente, ainda no berço, milhões de sonhos como aqueles que se perderam hoje em terras colombianas. É provável que, em muitas dessas rodas de conversas, os jovens briosos que hoje recebem bombas sobre suas cabeças e borrachadas nas costas, sejam criminalizados.

Contradições de nosso atual momento e que fazem parte da vida, mas não podem ser naturalizadas, assim como não pode ser naturalizada ou menosprezada nenhuma tragédia.

Sentir tristeza pela tragédia ocorrida no voo da Chapecoense é mais que normal, é obrigação de todo Ser Humano que se compadeça minimamente da dor e das desgraças de nossa breve passagem por esse mundo.

Rebelar-se contra a tragédia que vem se instaurando, a partir do golpe, sobre a classe trabalhadora Brasileira e contra todas as mazelas do cruel sistema capitalista em que vivemos é dever de todo Homem e de toda Mulher conscientes e preocupados, não apenas com o presente, mas, sobretudo, com o futuro de toda a humanidade.

Os mais profundos sentimentos aos familiares e amigos de todos os mortos e feridos no desastre aéreo;

Solidariedade a todos os amantes do esporte e do futebol, e, principalmente, aos dirigentes e torcedores da Chapecoense e aos moradores de Chapecó.

Toda força e perseverança aos que resistem e lutam contra o golpe em todos os cantos do Brasil, especialmente aos que encampam a luta contra a PEC 55 em Brasília!

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